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GRADES NOS LARES E GRADES NA ALMA

abril-2017-editorial

Por que tanto medo? Essa é a marca de nossa vida neste mundo conturbado onde vivemos. Cercar nossa residência de grades a pretexto de segurança é perfeitamente justificável. O que me importa, na verdade, é a outra grade, a da alma. Explico: Somos criaturas humanas, criadas com absoluta igualdade: irmãos, portanto. Essa, pelo menos é a conversa que anda de boca em boca. Nós não vivemos como iguais; cada qual – pelo atraso espiritual– tem por objetivo número um, resguardar-se ao máximo; conservar sua verdadeira personalidade oculta. Essa maneira de viver enfraquece sobremaneira o conceito de que “somos todos irmãos”.
É perfeitamente compreensível que cada pessoa tenha o direito de viver sua intimidade; o problema é que nós viveríamos melhor se evitássemos esconder aquilo que a sociedade convencionou de errado. É só isso, nada mais! Inteligentes como somos para preservar tal vida, construímos nossa grade: Assim vivemos protegidos no interior de nosso pequeno e escuro mundo: dentro dele nos sentimos seguros, porque podemos criar situações atrás das quais encenamos uma vida de mentira, a fim de encobrir nossos erros e nossa pequenez. Nosso ego se apequena a cada ação que encetamos; para viver no mundo de “irmãos” é necessário possuir grades de segurança impenetráveis; e a cada época, ao invés de derrubar tais grades nós as fortalecemos; assim nos tornamos cada vez menores e menos humanos. Esse retrato à primeira vista nos parece inverossímil, já que se trata de criaturas racionais. Todavia, essa triste e vergonhosa verdade não pode ser negada; quem, pergunto eu, vive uma vida aberta, sem medo de se mostrar aos demais os erros que a maioria pratica (deixo “erros”) porque somos vítimas de contínuas lavagens cerebrais que nos impuseram essa malfada palavra, que desde a nossa mais tenra infância vivemos “com medo de errar”, pois nossos erros, segundo se propala, são passiveis de castigos divinos. Caso o leitor acredite em castigos divinos, encerro aqui meu tema; caso não acredite (como eu), convido-o a abrir as portas de sua grade e viver livremente, sem mentiras, sem vaidade e sem medo de errar; afinal, pergunto: será possível que erramos tanto assim a ponto de obscurecer nossos acertos? Não acredito!

 Luiz Santantonio
santantonio26@gmail.com